Com o objetivo subsidiar pesquisas sobre arte afrodiásporica, pós-colonialismo e decolonialismo organizamos aqui uma seleção de publicações que integram a Biblioteca Lourival Gomes Machado (MAC USP). A esses volumes, somam-se agora mais 56 títulos adquiridos com financiamento do projeto. Esses passam a integrar a nova sessão Biblioteca Getty das Diásporas Africanas nas Américas.

A Biblioteca Lourival Gomes Machado recebeu esse nome em 1969 para homenagear um dos primeiros professores a oferecer cursos de História da Arte na USP. Porém, ela existe desde a fundação do Museu, em 1963, a partir da aquisição da coleção de livros do artista Paulo Rossi Osir. Nesse núcleo inicial há pouca, ou nenhuma, referência à arte negra. No entanto, mesmo ali é possível encontrar exemplares como Relíquias da Bahia (1940) e Encantos tradicionais da Bahia (1943), de Edgard de Cerqueira Falcão, nos quais a vontade de proteção do patrimônio tradicional de seu estado fez com que o autor documentasse a igreja da Irmandade da Boa Morte, uma das mais antigas confrarias de mulheres negras do país, e a Gruta de Yemanjá no Farol da Barra. Também o livro Brasil (s.d.), de Peter Fuss, registra aqui e ali cenas de trabalho como na fábrica de charutos em Maragogipe, ou nos mercados populares. Além desse núcleo inicial, a biblioteca recebeu doações das coleções de Aracy Amaral (2021) e Walter Zanini (2013).

Hoje, a biblioteca expandiu para além desse núcleo inicial e conta com cerca de 9 mil livros sobre artes visuais, 32 mil catálogos de exposição e 1400 pastas com documentação sobre artistas. Essas últimas são repositório importante de fontes primárias, permitindo que, por meio de recortes de jornal, folhetos e outros documentos, seja possível se aproximar da trajetória de diversos artistas. Esse conjunto completa-se neste momento com a aquisição de livros feita por este projeto, que se baseou nas publicações articuladas pelos convidados do webinário, mas principalmente em visitas à biblioteca da artista e pesquisadora Rosana Paulino. A incorporação dessa bibliografia pretende ampliar o espectro de referências sobre arte afrodiásporica e de metodologia para a construção de novas perspectivas para essas histórias. Ademais, a iconografia presente nesses volumes pode permitir um olhar renovado sobre o acervo do MAC USP, oferecendo novas perspectivas para uma reflexão continuada sobre essas imagens.